Devido ao sucesso, o musical
faz sessão extra neste final de semana, no Teatro Bradesco Rio
Asas abertas, feras soltas, o
Rio de Janeiro era uma festa. E não havia lugar mais adequado para celebrar do
que o Frenetic Dancing´Days Discotheque, boate idealizada
pelos amigos Nelson Motta,
Scarlet Moon, Leonardo Netto, Dom Pepe e Djalma Limongi, ponto de encontro de
todos os seres livres. Quatro décadas depois, a felicidade bate novamente à
porta. É hora de aumentar o som e dançar sem parar. Ao lado de Patrícia Andrade, o próprio Nelson Motta assina a
história de ‘O Frenético
Dancin´Days’, no Teatro
Bradesco Rio. O musical marca a estreia da coreógrafa e bailarina Deborah Colker na direção de um
espetáculo teatral, com realização das Irmãs Motta e Opus e
produção geral de Joana Motta.
Com as sessões esgotadas desde a estreia, o espetáculo ganha sessão extra neste
domingo (09/09), às 15h.
“Eu sabia da potência, da força do Dancin´Days, de como ele mudou a
cidade. A boate chegou com esse caráter libertário, lá as pessoas eram livres,
podiam ser como elas são. Isso tem uma grande força política, social,
filosófica, artística. Não há nada como o livre arbítrio, estar em um lugar
onde você vai ser quem você é”, afirma Deborah. “O Dancin´Days foi uma ilha de liberdade e alegria.
Vínhamos de 12 anos de ditadura, estávamos mesmo precisando soltar as feras e
cair na gandaia”, complementa Nelson
Motta.
Elenco de “O Frenético Dancing Days" Foto: Divulgação |
O musical é uma superprodução,
com 16 atores e sete bailarinos, escolhidos através de audições, à exceção
de Stella Miranda, uma das
mais importantes atrizes de musicais do país, que foi convidada especialmente
para o projeto. Além de Stella,
que interpreta Dona Dayse, o elenco é formado por: Ariane Souza (Madalena),Bruno Fraga (Nelson Motta), Cadu Fávero (Djalma), Franco Kuster (Léo Netto), André Ramiro (Dom Pepe), Gabriel Manita (Tony Manero/Inácio/Catarino), Karine Barros (coro/stand in
feminino), Larissa Venturini (Scarlet), Natasha Jascalevich (Bárbara),
além das Frenéticas: Carol
Rangel (Edyr de Castro), Ester Freitas (Dhu Moraes), Ingrid Gaigher (Lidoca), Julia Gorman (Regina Chaves), Larissa Carneiro (Leiloca) e Ludmila Brandão (Sandra Pêra).
Deborah
Colker (premiada na Rússia com o Prix Benois de la Danse, considerado o Oscar da Dança) assina também as coreografias (ao
lado de Jacqueline Motta) e tem ao seu lado uma ficha técnica de peso: Gringo Cardia (cenografia e
direção de arte), Maneco Quinderé (desenho
de luz), Alexandre Elias (direção
musical),Fernando Cozendey (figurinos) e Max Weber (visagismo).
Passarão pelo palco os principais personagens que marcaram não apenas a
história da boate, mas da cultura nacional.
Os cenários e figurinos recriam a atmosfera disco, mas com uma
identidade própria. “A minha inspiração foi a estética de como as pessoas se
comportavam na época e o quão ousadas eram no vestir”, explica Fernando Cozendey. “O desafio foi trazer o shape 70 atualizado,
criar algo que ainda provocasse espanto, alegria e libertação para um público
em 2018. O espetáculo para mim é sobre transgressão de ser, vestir, dançar,
existir”, acrescenta.
A direção musical de Alexandre
Elias também acompanha o espírito da época e inova ao trazer
um DJ pilotando a música ao vivo. “Quando a Joana Motta me convidou para esse projeto, ela veio com essa
“sacada” que iríamos contar a história de uma discoteca e que devíamos ter um
DJ. E, no caso do Dancing´Days, o DJ Dom Pepe era uma das figuras centrais”.
Para construir os arranjos, Alexandre
Elias passou meses pesquisando e optou pela técnica dos
samples. “Estamos usando tecnologia de ponta nessa área, misturei elementos dos
arranjos originais, que são clássicos presentes na nossa memória afetiva, com
ideias minhas e da direção, para chegarmos ao resultado final”, explica Alexandre.
Dance sem parar
A noite carioca fervia nos anos
70, quando a casa foi criada para inaugurar também o Shopping da Gávea. A cena
disco estava explodindo em Nova York, mas ainda não tinha acontecido no Brasil.
O Dancin´Days foi inaugurado em 05 de agosto de 1976 e marcou a chegada da
discoteca no país. Lady Zu, Banda Black in Rio, Tim Maia, a pista da boate
fervia. Na casa, se apresentaram nomes como Rita Lee (ainda com o Tutti-Frutti),
Raul Seixas, Gilberto Gil. “Eu adoro dançar, eu adoro
dança, tudo que se movimenta. E para dançar você precisa de música. E música
boa é a junção perfeita. E não tem como o Dancin´Days não ter isso, é uma
música muito boa, é a melhor. É um iluminismo!”, celebra Deborah.
Nada causou tanta sensação
quanto o surgimento das Frenéticas. Contratadas inicialmente como garçonetes,
elas também faziam uma breve apresentação durante a madrugada. O sucesso foi
imediato: Leiloca, Sandra Pera, Lidoca, Edyr, Dhu Moraes e Regina Chaves logo
abandonaram as bandejas e assumiram os holofotes. Elas foram o primeiro grupo
contratado da multinacional Warner, que estava aportando no Brasil. O país
inteiro cantou ‘Dancin´Days’, ‘Perigosa’, ‘O Preto que satisfaz’ (abertura da
novela ‘Feijão Maravilha’, da TV Globo), entre tantas outras.
“As Frenéticas foram obra do
acaso e, claro, do talento de seis garotas que eram atrizes desempregadas,
começaram como garçonetes do Dancin´Days e, no fim da noite, cantavam quatro
músicas. Foi um estouro! o Dancin lotava só para ver as Frenéticas, que se
tornaram as rainhas da discoteca no Brasil”, aponta Nelson.
A boate funcionou por apenas
quatro meses, pois o contrato era limitado ao período que antecedia a abertura
do Teatro dos Quatro. Ela celebrava um Rio e um país que conseguiam ser livres,
apesar da ditadura militar. A casa reunia famosos e anônimos, hippies e
comunistas, todas as tribos com o único objetivo de celebrar a vida. O sucesso
foi tamanho que a casa foi reaberta no Morro da Urca e inspirou a novela
‘Dancin´Days’, de Gilberto Braga, que tinha a música homônima das Frenéticas
como tema de abertura. O país inteirou caiu na gandaia e entrou na festa.
E é justamente esta celebração
que está nos palcos, desde o dia 24 de
agosto. O espetáculo relembra grandes clássicos da discoteca como ‘I love the
nightlife’, ‘You make me feel might real’, ‘We are Family’, ‘Y.M.C.A’,
‘Stayin´alive’, além de clássicos das Frenéticas e grandes sucessos nacionais
da época, como ‘Marrom Glacê’ e ‘A noite vai Chegar’, entre outros.
Serviço
Teatro Bradesco Rio (Avenida das Américas, 3900 – loja 160
do Shopping VillageMall – Barra da Tijuca, RJ)
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