Nada a Perder – Contra tudo por todos surpreende

                                Petronio Gontijo como Bispo Edir Macedo

Por Jeanne Margareth

O filme “Nada a Perder – Contra Tudo por Todos” narra a trajetória de Edir Macedo, na década de 1960 até se transformar em um líder religioso e fundar a Igreja Universal do Reino de Deus. E como não poderia deixar de ser é um filme que fala aos convertidos com uma linguagem acessível bem diferente da usada por um critico de cinema, mas ao mesmo tempo, atinge os não convertidos, seja pela forma e narrativa ou simplesmente a beleza fiel da produção ao que se dispôs a retratar, oferecendo com eficiência uma película que não cansa e repleta de momentos que se pode comprovar.

                                Prisão do bispo Edir Macedo

                                Bispo Edir Macedo pregando em praça publica

E foi assim, sem nada a perder, que me despi de um conceito religioso pré-concebido e fui ao cinema assistir ao filme deixando-me levar por uma narrativa leve e que não perder o ritmo. 

No gigantesco circuito de cinemas da cidade desde seu lançamento em 29 de março de 2018 o filme que surgiu de forma impactante, dividindo opiniões e por que não dizer o público entre fiéis e incrédulos desde sua produção,  é uma surpresa cinematográfica que atende seu propósito. 

E mesmo não lotando as salas de projeção, vem intrigando o público que apesar de desconsiderar qualquer menção religiosa, acabou por criar de um jeito meio torto, curiosidade sobre a história.

Aliás, é por isso que o filme mesmo tratando-se da igreja Universal e seu bispo Edir Macedo, logo no inicio como, aliás, sempre acontece em biografias, mostra cenas impactantes da infância, a forte presença da mãe e as loucuras e duvidas da juventude,  aliadas a um bom fio condutor para uma história que prende a atenção. 

                                Enzo Barone e Bispor Edir Macedo

                                 Bispor Edir Macedo quando criança e Enzo Barone

Edir Macedo nos é apresentado como um garoto classe média que só quer ser aceito, apesar do defeito físico nas mãos.  Em sua trajetória vai ganhando força e ultrapassando obstáculos, repleto de convicções nem sempre claras, até para ele mesmo.  Com isso incomoda amigos, namorada e até superiores religiosos.  

Neste caminho ergue a primeira igreja, se casa, tem filhos e a partir daá a historia toma outro rumo que leva o telespectador direto às perseguições de poderosos e políticos de Brasília, aliada a um crescimento financeiro vertiginoso que não é muito explicado.

Petrônio Gontijo está impecável no papel e torna cada cena um momento único da vida real de um visionário, impulsivo, movido por seu fervor e ao mesmo tempo equilibrado e convincente. O mesmo não acontece com o missionário R. R. Soares (André Gonçalves), que da mesma forma irretocável no papel, no filme, é movido pelo ego como uma espécie de pop star da religião, que gosta do sabor da concorrência.

                                          Casamento do Bispor Edir Macedo com Dona Ester

                                Bispo Edir Macedo e Dona Estar no nascimento da segunda filha 

Ester (Day Mesquita), a esposa do bispo Edir Macedo, é um dos belos momentos do filme onde ao se conhecerem imediatamente sabem que vão se casar e permanecer juntos por toda vida. Aliás o papel de sua esposa é fundamental em toda trajetória de vida de Edir Macedo, que sem jamais o questionar, sempre se manteve serena e resignada diante das atitudes do marido.

Apesar disso tudo em sua vida os acontecimentos parecem predestinados, até mesmo sua prisão por ordem politica e da igreja católica (que o filme deixa muito claro), nos da a impressão de ter sido algo enviado já que ao ser preso passou a pregar aos detentos e distribuir bíblias na carceragem.

Com uma historia bem construída, o filme nos leva para uma atmosfera por vezes lúdica repleta de super-heróis que nos cativam, e fazem pensar...Eu posso, Eu consigo !

                                Ator Petronio Gontijo e Bispo Edir Macedo

                           

                               Familia Edir Macedo:Day Mesquita, joana Rodrigues e Petronio Gontijo

Portanto, se você o assistir de forma despretensiosa como uma historia de força e crença,  o filme que é bom de assistir, não cansa e ainda diverti.  E sabe por que? Sua produção reuniu o que existe de melhor desde os valores mais de R$ 40 milhões, até a presença de atores impressionantes como Beth Goulart, Dalton Vigh, Eduardo Galvão, Nina de Pádua, Marcello Airoldi e grande elenco.  Uma obra digna de ser vista e revista onde o diretor Alexandre Avancini usa com perspicácia todos os recursos que dispõe.

                                Momento da prisão do Bispo Edir Macedo

                                Fiéis na porta da delegacia chamam pelo bispo Edir Macedo

E por falar em recursos a trilha sonora é um capitulo a parte que passeia pela historia como brisa entre as cenas de forma espetacular colorindo o choro ou sorriso excessivos de alguns momentos sem deixar ranço.  Outro recurso impactante são as cenas em câmeras lentas, chuvas, escuridão de algumas cenas, recursos que juntos impactam qualquer telespectador.

                                Equipe afinada para o filme Nada a Perder - contra tudo e Todos.

                                Os pais de Edir Macedo:Beth Goulart como Dona Geninha
                                sua mãe e Marcello Airoldi como Henrique Bezerra o pai.

Ao final da exibição Edir Macedo fala com a plateia chamando a todos para a importância do lenço sagrado de Paulo, um pedaço de pano branco, inscrito com o Livro dos Atos, capítulo 19, versículos 11 e 12 que promete curar doenças e “problemas espirituais”, menciona as instruções de uso por sete dias para depois deixa-lo em um templo da Igreja Universal e só.

                               Família do bispo Edir Macedo : Renato Cardoso, Cristiane Freitas, Edir Macedo,                                 Ester Bezerra, Viviane Freitas e Julio Freitas.

                                                      Lencinhos de Paulo

O intrigante é que o tal lencinho tão falado só foi distribuído por uma obreira da Igreja Universal, aos espectadores no dia de estreia, mas isso é um detalhe.  Até porque o filme é feito sob medida para agradar e deixar a sensação  no telespectador que não houve nada a perder.