Com montagem do Grupo Tapa, o texto, já proibido,
foi escrito no período do AI-5
Foto: Ronaldo Gutierrez/divulgação |
Por Mera Teixeira
Chega aos palcos o espetáculo “Papa Highirte”, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. Escrito em 1967/1968, ano do AI-5, foi proibido pela censura, e somente ganhou uma montagem profissional em 1980 devido à anistia com o Teatro dos 4, sob direção de Nelson Xavier.
A narrativa é uma fábula sobre um ditador populista de um país fictício sul-americano que deseja voltar ao poder. A montagem é assinada pelo Grupo Tapa e estreia dia 20 de maio, sexta-feira, às 20h no Galpão do Tapa, na Barra Funda (SP).
O título da montagem tem alusão ao ditador haitiano que governou de 1957 a 1971, François Duvalier, conhecido como Papa Doc. O texto trabalha em diversas camadas os temas como o declínio do populismo caudilhista, a organização das militâncias de luta armada e a influência da política externa estadunidense no continente americano.
Vale lembrar que que Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) foi protagonista da renovação da dramaturgia e do teatro no sentido estético e político por seus trabalhos com o Teatro de Arena de São Paulo, o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC), e o grupo Opinião, do Rio de Janeiro.
“Papa Highirte” tem direção de Eduardo Tolentino de Araujo, o elenco conta com Zécarlos Machado que vive o personagem título, além de Adriano Bedin (Morales), Bruno Barchesi (Pablo Mariz / Diego), Caetano O’Maihlan (Hermano Arrabal / Manito), Camila Czerkes (Graziela), Eduardo Semerjian (Perez y Mejia), Fulvio Filho (Estrangeiro), Isabel Setti (Grissa) e Mauricio Bittencourt (Menandro). A temporada vai até 17 de julho com sessões às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
“O espetáculo se divide em dois núcleos com o protagonista reconstruindo o passado com sua queda e o futuro com o desejo de voltar ao poder. A peça ainda tem um personagem do passado que vem para um acerto de contas. É o confronto de duas faces da mesma moeda”, ressalta Tolentino.
O figurino e os elementos cenográficos permeiam pela estética das cores cinza e preto. Tem inspirações dos anos 60 com o lado altamente politizado. Os atores ficam sempre no palco em uma encenação em formato de arena, onde a dramaturgia se adequa ao contorno do espaço.
SERVIÇO:
De 20 de maio a 17 de julho (sexta e sábado, às 20h, domingo, às
18h)
Preço: R$ 40
(Inteira) e R$ 20 (Meia).
Espectador poderá fazer doação para o SOS TAPA comprando ingressos
com valor maior.
Compra
Online: Pelo Sympla
Classificação: 14
Anos. Duração: 110 Minutos
Capacidade: 50
Lugares (plateia livre)
Galpão do TAPA
Rua Lopes Chaves, 86 - Barra Funda, SP, SP.
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